quarta-feira, 22 de abril de 2015

A Alegria da Ressurreição

Jesus é o amor, - a verdade é o amor, o amor é a verdade - permaneceu fiel ao amor, a sua liberdade consistiu em escolher e realizar o amor, ser amor, o seu projeto é o amor, projeto que podemos abraçar como princípio do desenvolvimento da vida e meio de buscar a plenitude da vida, como princípio da dignificação humana: amai-vos como eu vos amei. A ressurreição de Jesus é a glorificação do amor. Tudo passa, só o amor de Deus é eterno.
A alegria da ressurreição, acima de tudo, é uma experiência de ser na essência que reúne várias experiências: experiência de uma pessoa maravilhosa, do amor, da verdade, da fidelidade, da liberdade, do ser que tem presente e futuro, luz, projeto, missão, realização plena. A alegria é amor que vem do Amor.

Está latejando

Foi na manhã do sábado santo da semana santa de 2015, dia de silêncio profundo, dia para deitar com Jesus na sua morte, na vigília de sua ressurreição.
Fazíamos uma caminhada no Parque das Mangabeiras,- caminhada de encher os olhos que teve início no belo horizonte da Praça do Papa, - quando uma menina tropeçou nas pedras do caminho e caiu. E logo seu joelho virou uma bola. E lhe perguntávamos: -“Dá para continuar caminhando?” E ela dobrava e estendia a perna e dizia: -“Vou tentar.” E continuamos o caminho. E, logo na frente, lhe perguntamos de novo: -“E como você se sente?” E ela respondeu: - “O inchaço está menor, mas o joelho está latejando.”
Ela sentia
o pulsar do coração no hematoma, na ferida, “está latejando”, e continuou caminhando para concluir o percurso que faltava consumar. E, num esforço final, chegamos à Praça das Águas, onde sentimos grande alegria. “Toda cicatriz tem uma história” e toda ferida tem cura, se o coração continua batendo dentro dela. “O verdadeiro amor é um calafrio doce, um susto sem perigos.” (Guimarães Rosa)

A Ferida
Imaginamos o coração dos discípulos que acompanharam Jesus. Todos estavam feridos pela condenação e morte, como malfeitor na cruz, mas o amor latejava na ferida e no medo, na frustração do seu projeto, no fracasso de sua vida. A tristeza era imensa e a decepção maior. Mas o coração batia. Na ferida aberta pulsava a vida, latejava a esperança. Na ferida misturavam-se o desrespeito, o abuso, o medo e a fuga, a indignidade, a frustração e o fracasso, a condenação e morte do justo, a traição de Judas, as negações de Pedro, o peso do pecado social e individual, e também o encantamento do chamado, a alegria da libertação, a experiência do perdão dos pecados, a cura dos doentes, a dignidade devolvida a cada ser criado, a integração dos excluídos, o fascínio da vida de Jesus de Nazaré que, por palavras e ações passou a vida fazendo o bem, despertando no coração do povo, na vida e na imaginação o prazer de ser gente, de ser amado e liberto, de ser pessoa livre e imagem e semelhança de Deus.
Madalena e as outras mulheres que tinham acompanhado Jesus estavam ansiosas. E, o mais cedo que puderam, foram ao túmulo cuidar de Jesus. Jesus tinha expulsado sete demônios de Madalena, (Mc 16, 9; Lc 8,2) tinha libertado Madalena de muito mal, de muita opressão. O amor de Jesus batia no coração de Madalena, no coração ferido e amado, ferido, mas tomado de amor. O coração de Jesus lateja no coração de Madalena e das outras mulheres.
Os Evangelhos apresentam Madalena como a pessoa privilegiada na descoberta da ressurreição. “Depois de dizer isso, Maria virou-se e viu Jesus de pé; mas não sabia que era Jesus. E Jesus perguntou: ‘Mulher, por que você está chorando? Quem é que você está procurando?’ Maria pensou que fosse o jardineiro, e disse: ‘Se foi o senhor que levou Jesus, diga-me onde o colocou, e eu irei buscá-lo.’ Então Jesus disse: ‘Maria.’ Ela virou-se e exclamou em hebraico: ‘Rabuni!’ (que quer dizer: Mestre). Jesus disse: ‘Não me segure, porque ainda não voltei para o Pai. Mas vá dizer aos meus irmãos: ‘Subo para junto do meu Pai, que é Pai de vocês, do meu Deus, que é o Deus de vocês.’ Então Maria Madalena foi e anunciou aos discípulos: ‘Eu vi o Senhor.’ E contou o que Jesus tinha dito.” (Jo 20,14-18)
A morte de Jesus foi uma grande ferida no interior de todos os discípulos. Atravessar a morte é mergulhar nesta ferida onde bate, sem desanimar, o amor de Jesus.
A ferida é grande, pecados, injustiças, perseguições, martírio, fome, guerras, crescente inteligência da morte. Mas a Encarnação de Jesus sustenta radical e definitivamente o pulsar do amor de Deus na Criação ferida, alimentando nela o desejo de bondade, de beleza, de verdade, de plenitude, de ressurreição. E, por isso, a Criação vive com anseios de esperança, como a mulher que gera a vida inocente e pura que um dia verá a luz, ou como a semente que se entrega no silêncio e na solidão da terra para se transformar em vida nova.
“O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem. Ser capaz de ficar alegre e mais alegre no meio da alegria, e ainda mais alegre no meio da tristeza...”(Guimarães Rosa)

O Túmulo Vazio

A ansiedade era grande no coração onde batia o amor. Logo que podem sair de casa, ao nascer do sol, no primeiro dia da semana, as mulheres, lideradas por Madalena, movidas pelo amor, vão ao túmulo cuidar de Jesus. Levam perfumes e todo o seu amor e carinho. E o vazio ficou ainda maior quando descobrem que o túmulo estava vazio. Muito atordoadas, perguntam-se: onde o puseram? “Maria tinha ficado fora, chorando junto ao túmulo. Enquanto ainda chorava, inclinou-se e olhou para dentro do túmulo. Viu então dois anjos vestidos de branco, sentados onde o corpo de Jesus tinha sido colocado, um na cabeceira e outro nos pés. Então os anjos perguntaram: ‘Mulher, por que você está chorando?’ Ela respondeu: ‘Porque levaram o meu Senhor, e não sei onde o colocaram.’” (Jo 20, 11-13)
A ferida se abre ainda mais para ser curada. A voz dos anjos iluminam num instante: “por que vocês estão procurando entre os mortos aquele que está vivo?”(Lc 24,5)
O corpo morto e frio de Jesus nunca foi abandonado por Deus: nele está o amor de Deus, Pai e Mãe, o amor do Espírito que sempre acompanhou Jesus e o próprio amor de Jesus. Na noite fria da mansão dos mortos, o amor toma conta do corpo de Jesus e, foi tanta a intensidade que o ressuscita. O túmulo se esvazia porque o amor é mais forte que tudo.
A ressurreição é uma concentração de amor. O túmulo está vazio porque se encheu de amor, amor quente e forte, amor vida."Deus nos dá pessoas e coisas, para aprendermos a alegria...
Depois, retoma coisas e pessoas para ver se já somos capazes da alegria sozinhos...Essa... a alegria que ele quer." (Guimarães Rosa)

“Vimos o Senhor”
Um túmulo vazio é um túmulo vazio. A espiritualidade do esvaziamento é apenas um caminho, uma passagem do caminho. O vazio transforma-se em esvaziamento para que no centro da vida nasça o amor, se revele o amor.
Podemos encher nosso vazio de muitas coisas, até de vazio. Muitos permanecem no vazio, enchendo o vazio de vazio. De frustração. De tristeza. De mágoas. De condenação. De consumismo. De modismos.
O vazio que constitui o mistério de ser pessoa pode nos levar ao absoluto amor e também ao nada. Quando Madalena diz “Vi o Senhor” é porque ela realizou o chamado de sua vida à comunhão. A presença do Senhor mora dentro dela. Não somos chamados ao vazio, mas à comunhão. O esvaziamento é um meio para tirar de nós o que impede a entrada do amor para a comunhão pessoal do amor, com o amor, no amor, para o amor. A passagem do túmulo vazio à experiência da presença do Senhor é essencial: o Senhor está conosco, Ele está vivo, aquele que foi aniquilado ressuscitou, mora dentro de nós, em você, em mim, sabemos, sentimos, não existe o vazio, existe o mistério habitado pelo amor, pelo ressuscitado.
Na comunhão do amor o coração é feliz, a vida tem realização, plenitude, Ele que amou até ao fim, é o Senhor da vida, é nosso Senhor. A nossa vida se enche de alegria. A alegria da ressurreição nasce de dentro, da experiência inexplicável da presença do Senhor que nos enche de paz, de luz, de leveza, de confiança, de realização, de liberdade. Comunhão maravilhosa que se expande como espírito que chega à interioridade escondida. “Nós vimos o Senhor.” (Jo 20,25)

A Ressurreição

A vida maravilhosa de Jesus de Nazaré que por palavras e ações encantou e conquistou o coração e o desejo das pessoas, dos empobrecidos e dos excluídos, das mulheres, dos doentes, das crianças, e dos que esperavam a realização do Reino de Deus, dos que tinham fome e sede de justiça, não podia terminar no túmulo. A condenação e a morte na cruz foram o esvaziamento da glória humana e a manifestação do que João diz: “Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito, para que não morra todo o que nele crer, mas tenha a vida eterna.” (Jo 3,16)
Essa vida maravilhosa foi momentaneamente sepultada, mas tinha tudo para não se deixar vencer pelo momento da morte. Certamente, já tivemos experiências de momentos maravilhosos que nos sustentaram depois de tempos de frustração e nos fizeram renascer. Nos momentos de frustração parecia que tudo tinha morrido, mas o amor vivido foi reaparecendo e conquistando o espaço perdido e tirando a vida da morte. Não existe nada que possa vencer e destruir o amor maravilhoso de Deus. É amor eterno. Esse amor ressuscitou, Jesus ressuscitou, a morte não consegue segurar esse amor, a vida continua fluindo pelo amor que é de Deus, presença de Deus, desejo de Deus, Reino de Deus, vida inteira de Jesus, vida eterna. "Penso que chega um momento na vida da gente em que o único dever é lutar ferozmente por introduzir no topo de cada dia, o máximo da eternidade..." (Guimarães Rosa)

Os Sinais
1.O amor é o fundamentoda experiência da ressurreição
“No primeiro dia da semana, Maria Madalena foi ao túmulo de Jesus bem de madrugada, quando ainda estava escuro. Ela viu que a pedra tinha sido retirada do túmulo. Então saiu correndo e foi encontrar Simão Pedro e o outro discípulo que Jesus amava. E disse para eles: ‘Tiraram do túmulo o Senhor, e não sabemos onde o colocaram.’
Então Pedro e o outro discípulo saíram e foram ao túmulo. Os dois corriam juntos. Mas o outro discípulo correu mais depressa do que Pedro, e chegou primeiro ao túmulo. Inclinando-se, viu os panos de linho no chão, mas não entrou. Então Pedro, que vinha correndo atrás, chegou também e entrou no túmulo. Viu os panos de linho estendidos no chão e o sudário que tinha sido usado para cobrir a cabeça de Jesus. Mas o sudário não estava com os panos de linho no chão; estava enrolado num lugar à parte.
Então o outro discípulo, que tinha chegado primeiro ao túmulo, entrou também. Ele viu e acreditou.” (Jo 16,1-8)

“Então o discípulo que Jesus amava disse a Pedro: ‘É o Senhor.’” (Jo 21,7)

2.Deus revela a ressurreição de Jesus
“E bem cedo, no primeiro dia da semana, ao nascer do sol, elas foram ao túmulo. E diziam entre si: ‘Quem vai tirar para nós a pedra da entrada do túmulo?’ Era uma pedra muito grande. Mas, quando olharam, viram que a pedra já havia sido tirada. Então entraram no túmulo e viram um jovem, sentado do lado direito, vestido de branco. E ficaram muito assustadas. Mas o jovem lhes disse: ‘Não fiquem assustadas. Vocês estão procurando Jesus de Nazaré, que foi crucificado? Ele ressuscitou! Não está aqui!’” (Mc 16, 2-6)

3.Jesus aparece aos discípulos
“Depois de ressuscitar na madrugada do primeiro dia após o sábado, Jesus apareceu primeiro a Maria Madalena, da qual havia expulsado sete demônios.” (Mc 16,9)

“Enquanto conversavam e discutiam, o próprio Jesus se aproximou, e começou a caminhar com eles. Os discípulos, porém, estavam como que cegos, e não o reconheceram. Então Jesus perguntou: ‘O que é que vocês andam conversando pelo caminho?’ Eles pararam, com o rosto triste.” (Lc 24,15-17)

4.O cumprimento da promessa de Deus
“Então Jesus disse a eles: ‘Como vocês custam para entender, e como demoram para acreditar em tudo o que os profetas falaram! Será que o Messias não devia sofrer tudo isso, para entrar na sua glória?’ Então, começando por Moisés e continuando por todos os Profetas, Jesus explicava para os discípulos todas as passagens da Escritura que falavam a respeito dele.” (Lc 24,25-27)

“Então um disse ao outro: ‘Não estava o nosso coração ardendo quando ele nos falava pelo caminho, e nos explicava as Escrituras?’” (Lc 24,32)

“No primeiro dia da semana, bem de madrugada, as mulheres foram ao túmulo de Jesus, levando os perfumes que haviam preparado. Encontraram a pedra do túmulo removida. Mas ao entrar, não encontraram o corpo do Senhor Jesus, e ficaram sem saber o que estava acontecendo. Nisso, dois homens, com roupas brilhantes, pararam perto delas. Cheias de medo, elas olhavam para o chão. No entanto, os dois homens disseram: ‘Por que vocês estão procurando entre os mortos aquele que está vivo? Ele não está aqui! Ressuscitou! Lembrem-se de como ele falou, quando ainda estava na Galileia: ‘O Filho do Homem deve ser entregue nas mãos dos pecadores, ser crucificado, e ressuscitar no terceiro dia.’”  (Lc 24,1-7)

5.A Eucaristia sinal do Jesus Ressuscitado
“Quando chegaram perto do povoado para onde iam, Jesus fez de conta que ia mais adiante. Eles, porém, insistiram com Jesus, dizendo: ‘Fica conosco, pois já é tarde e a noite vem chegando.’ Então Jesus entrou para ficar com eles. Sentou-se à mesa com os dois, tomou o pão e abençoou, depois o partiu e deu a eles. Nisso os olhos dos discípulos se abriram, e eles reconheceram Jesus. Jesus, porém, desapareceu da frente deles.” (Lc 24,28-31)

6.A Fé: “Vi o Senhor”, “Vimos o Senhor”, e o testemunho
“Depois de ressuscitar na madrugada do primeiro dia após o sábado, Jesus apareceu primeiro a Maria Madalena, da qual havia expulsado sete demônios. Ela foi anunciar isso aos seguidores de Jesus, que estavam de luto e chorando. Quando ouviram que ele estava vivo e fora visto por ela, não quiseram acreditar.
Em seguida, Jesus apareceu a dois deles, com outra aparência, enquanto estavam a caminho do campo. Eles também voltaram e anunciaram isso aos outros, que não acreditaram nem mesmo nestes.” (Mc 16,9-13)

“Então Maria Madalena foi e anunciou aos discípulos: ‘Eu vi o Senhor.’ E contou o que Jesus tinha dito.” (Jo 20,18)

“Tomé, chamado Gêmeo, que era um dos Doze, não estava com eles quando Jesus veio. Os outros discípulos disseram para ele: ‘Nós vimos o Senhor.’ Tomé disse: ‘Se eu não vir a marca dos pregos nas mãos de Jesus, se eu não colocar o meu dedo na marca dos pregos, e se eu não colocar a minha mão no lado dele, eu não acreditarei.’” (Jo 20,24-25)

“Depois disse a Tomé: ‘Estenda aqui o seu dedo e veja as minhas mãos. Estenda a sua mão e toque o meu lado. Não seja incrédulo, mas tenha fé.’ Tomé respondeu a Jesus: ‘Meu Senhor e meu Deus!’ Jesus disse: ‘Você acreditou porque viu? Felizes os que acreditaram sem ter visto.’” (Jo 20,27-29)

7.A Paz e a Alegria
“Era o primeiro dia da semana. Ao anoitecer desse dia, estando fechadas as portas do lugar onde se achavam os discípulos por medo das autoridades dos judeus, Jesus entrou. Ficou no meio deles e disse: ‘A paz esteja com vocês.’ Dizendo isso, mostrou-lhes as mãos e o lado. Então os discípulos ficaram cheios de alegria por ver o Senhor.” (Jo 20,19-20)

“As mulheres saíram depressa do túmulo; estavam com medo, mas correram com muita alegria para dar a notícia aos discípulos. De repente, Jesus foi ao encontro delas, e disse: ‘Alegrem-se!’ As mulheres se aproximaram, e se ajoelharam diante de Jesus, abraçando seus pés. Então Jesus disse a elas: ‘Não tenham medo.’” (Mt 28,8-10)

8.A Vida nova no Espírito Santo
“Jesus disse de novo para eles: ‘A paz esteja com vocês. Assim como o Pai me enviou, eu também envio vocês.’ Tendo falado isso, Jesus soprou sobre eles, dizendo: ‘Recebam o Espírito Santo. Os pecados daqueles que vocês perdoarem, serão perdoados. Os pecados daqueles que vocês não perdoarem, não serão perdoados.’” (Jo 20, 21-23)

“Assim está escrito: ‘O Messias sofrerá e ressuscitará dos mortos no terceiro dia,e no seu nome serão anunciados a conversão e o perdão dos pecados a todas as nações, começando por Jerusalém’. E vocês são testemunhas disso.” (Lc 24,46-48)

9.O Envio e a Missão
“Então Jesus se aproximou, e falou: ‘Toda a autoridade foi dada a mim no céu e sobre a terra. Portanto, vão e façam com que todos os povos se tornem meus discípulos, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo, e ensinando-os a observar tudo o que ordenei a vocês. Eis que eu estarei com vocês todos os dias, até o fim do mundo.’” (Mt 28,18-20)

“Depois de comerem, Jesus perguntou a Simão Pedro: ‘Simão, filho de João, você me ama mais do que estes outros?’ Pedro respondeu: ‘Sim, Senhor, tu sabes que eu te amo.’ Jesus disse: ‘Cuide dos meus cordeiros.’” (Jo 21,15)

10.A(s) Comunidade(s) dos Cristãos são a maior prova da ressurreição de Jesus
“A multidão dos fiéis era um só coração e uma só alma. Ninguém considerava propriedade particular as coisas que possuía, mas tudo era posto em comum entre eles. Com grande poder, os apóstolos davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus. E todos eles gozavam de grande aceitação. Entre eles ninguém passava necessidade, pois aqueles que possuíam terras ou casas as vendiam, traziam o dinheiro e o colocavam aos pés dos apóstolos; depois, ele era distribuído a cada um conforme a sua necessidade.” (At 4,32-35)

A Alegria da Ressurreição

Participar da morte de Jesus constitui um momento de muito medo, tristeza, abandono, frustração e provação. Mas dessa vivência também resultou uma experiência da verdade sem igual. Os discípulos enchem-se de alegria, porque depois da descida à negação da vida, eles encontram a verdade total da vida, e se tornam mais livres pela aceitação da vida na vida de Jesus.
A alegria da ressurreição, acima de tudo, é uma experiência de ser na essência que reúne várias experiências: experiência de uma pessoa maravilhosa, do amor, da verdade, da fidelidade, da liberdade, do ser que tem presente e futuro, luz, projeto. "Eu queria sair de tudo o que eu era, para entrar num destino melhor." (Guimarães Rosa)

1-A experiência do Amor
A condição básica e essencial para a experiência da alegria da ressurreição é o amor.Maria Madalena e o Discípulo Amado são privilegiadosna descoberta da ressurreição de Jesus. A alegria da ressurreição nasce do encontro e da comunhão com Jesus, nasce da experiência de uma pessoa maravilhosa, o Filho de Deus, a personificação da bondade, da verdade, do amor, a pessoa de Jesus que sacia o nosso desejo de infinito, de transcendência, Ele que é um rio de água viva.
A experiência do amor nasce do estar com Jesus em vários momentos da sua vida:
1.A experiência da  alegria do chamado: a vida de Jesus encanta, seduz, ser chamado por Jesus encanta e leva a deixar tudo de tanto encantamento.
2.A experiência do Reino enche de alegria os pobres e os discípulos e o próprio Jesus exclama: “Eu te bendigo, ó Pai, porque revelaste estas coisas aos pequeninos”. As palavras e ações de Jesus mostram o Reino onde as pessoas fazem uma experiência verdadeira do amor libertador, de alguém que as liberta das opressões.
3.A experiência do amor vem da experiência da paixão e morte de Jesus e da sua ressurreição. Neste momento se revela em definitivo o amor de Deus que permanece amor, mesmo no aniquilamento da morte.
Sobretudo destes três tempos de amor, nasce a experiência do amor, Jesus e eu, eu e o Senhor que me amou, chamou e libertou e deu a vida por amor. Os discípulos descobrem a ressurreição porque ficaram ligados n’Ele pelo amor vivido na experiência d’Ele e com Ele. Foi o amor que ressuscitou Jesus; é o amor que o manifesta vivo; é o amor que o leva a ser experimentado como ressuscitado. O amor é a condição da experiência da alegria da ressurreição de Jesus.

2-A experiência da verdade
Experimentamos Jesus como verdade da nossa existência, verdade que nos faz ser de verdade, participantes da verdade, capazes de ter uma experiência verdadeira de Jesus, da extensão de todo o seu ser, conhecendo e assumindo todos os momentos da vida na verdade e de verdade, experiência de ser inteiros, reconciliados interiormente, habitados de paz. A experiência de Jesus nos tira os medos da vida, os medos de viver, nos faz viver de verdade. Jesus é a verdade que assumiu todos os momentos da nossa vida de verdade. Ele é a verdade de Deus e a verdade do ser humano. Não fugimos do que somos, assumimos com humildade a verdade de nossa existência, abertos à verdade de Deus.

3-Experiência da fidelidade
O ser de verdade é constituído pela experiência da fidelidade. Jesus permaneceu fiel ao amor, a si mesmo, a Deus Pai, ao projeto de Deus. Sendo fiel àquilo que sou, serei feliz. Sou em Jesus, minha verdade. Sou fiel ao ser em Jesus. Jesus foi fiel àquilo que é, ao amor até ao fim. Ele alcançou a alegria da ressurreição, eu alcanço a alegria sendo fiel. O amor de Deus permanece além de qualquer circunstância. Podemos arriscar comprometer a vida com o que é bom, pois o que é bom tem vida eterna. A fidelidade é fonte de alegria.

4-A experiência da liberdade
A ressurreição é uma experiência de leveza, de liberdade e libertação. Destruídas as amarras da morte e do pecado, vivemos o tempo da liberdade, o tempo da leveza do Espírito. A morte não é castigo, mas passagem, nossa irmã morte, passagem onde nos encontramos com a verdade e a fidelidade da nossa vida. Alcançamos a liberdade na ressurreição de Jesus. O peso das “mortes”deixou de ser o teto da nossa vida, acreditamos na liberdade e nos fazemos livres no processo de nossas vidas e nos tornamos feitores da libertação como participação da ressurreição de Jesus na História. A experiência da liberdade nos enche de alegria; a liberdade é condição da felicidade, a liberdade do amor. “Liberdade é uma palavra que o sonho humano alimenta, não há ninguém que explique e ninguém que não entenda.” (Cecília Meireles)

5-Abraçar um projeto
Faz parte da experiência da alegria da ressurreição assumir um projeto. Esse projeto particular nosso faz parte do projeto de Jesus, realizado em sua vida, morte e ressurreição: o Reino de Deus. Não é feliz quem não vê presente ou futuro. O projeto significa a experiência de ter luz, ter caminho a fazer. Significa o desenvolvimento do ser para a plenitude. Quem não tem projeto de vida fica perdido, a insegurança e o vazio vão tomando conta da vida. A alegria do Senhor Ressuscitado tem o projeto do Reino, do ser no amor, da missão, da boa nova que é anunciada para a vida em plenitude. Ter projeto é ser na esperança, fazer-se de esperança, de sonho, de caminho, de humildade e simplicidade, de presente e de futuro.
Jesus é o amor, a verdade, a fidelidade, a liberdade, o projeto do discípulo e vive na alegria quem vive na verdade, na fidelidade, na liberdade e na luz do projeto de Jesus.

“Portanto, se há um conforto em Cristo, uma consolação no amor, se existe uma comunhão de espírito, se existe ternura e compaixão, completem a minha alegria: tenham uma só aspiração, um só amor, uma só alma e um só pensamento. Não façam nada por competição e por desejo de receber elogios, mas por humildade, cada um considerando os outros superiores a si mesmo. Que cada um procure, não o próprio interesse, mas o interesse dos outros.  Tenham em vocês os mesmos sentimentos que havia em Jesus Cristo:
Ele tinha a condição divina, mas não se apegou a sua igualdade com Deus.
                Pelo contrário, esvaziou-se a si mesmo, assumindo a condição de servo e tornando-se semelhante aos homens. Assim, apresentando-se como simples homem, humilhou-se a si mesmo, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz! Por isso, Deus o exaltou grandemente, e lhe deu o Nome que está acima de qualquer outro nome; para que, ao nome de Jesus, se dobre todo joelho no céu, na terra e sob a terra; e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai.” (Fl 2,1-11)



Pe. Zé Luís, CSh

Um comentário:

  1. Shalom meus irmãos!

    Bela exposição do meu amigo de longos 19 anos que não encontro a pelo menos uns 6 anos.

    Distantes pelo tempo não pela Comunhão no RESSUSCITADO.

    Com ele e todos do MEJ SHALOM aprendi a ser gente.

    ResponderExcluir