Jesus é o
amor, - a verdade é o amor, o amor é a verdade - permaneceu fiel ao amor, a sua
liberdade consistiu em escolher e realizar o amor, ser amor, o seu projeto é o
amor, projeto que podemos abraçar como princípio do desenvolvimento da vida e meio
de buscar a plenitude da vida, como princípio da dignificação humana: amai-vos
como eu vos amei. A ressurreição de Jesus é a glorificação do amor. Tudo passa,
só o amor de Deus é eterno.
A alegria
da ressurreição, acima de tudo, é uma experiência de ser na essência que reúne
várias experiências: experiência de uma pessoa maravilhosa, do amor, da
verdade, da fidelidade, da liberdade, do ser que tem presente e futuro, luz,
projeto, missão, realização plena. A alegria é amor que vem do Amor.
Está latejando
Foi na
manhã do sábado santo da semana santa de 2015, dia de silêncio profundo, dia
para deitar com Jesus na sua morte, na vigília de sua ressurreição.
Fazíamos
uma caminhada no Parque das Mangabeiras,- caminhada de encher os olhos que teve
início no belo horizonte da Praça do Papa, - quando uma menina tropeçou nas pedras
do caminho e caiu. E logo seu joelho virou uma bola. E lhe perguntávamos: -“Dá
para continuar caminhando?” E ela dobrava e estendia a perna e dizia: -“Vou
tentar.” E continuamos o caminho. E, logo na frente, lhe perguntamos de novo:
-“E como você se sente?” E ela respondeu: - “O inchaço está menor, mas o joelho
está latejando.”
Ela sentia
o pulsar do coração no hematoma, na ferida, “está latejando”, e continuou
caminhando para concluir o percurso que faltava consumar. E, num esforço final,
chegamos à Praça das Águas, onde sentimos grande alegria. “Toda cicatriz tem
uma história” e toda ferida tem cura, se o coração continua batendo dentro
dela. “O verdadeiro amor é um calafrio doce, um susto sem perigos.” (Guimarães
Rosa)
A Ferida
Imaginamos
o coração dos discípulos que acompanharam Jesus. Todos estavam feridos pela
condenação e morte, como malfeitor na cruz, mas o amor latejava na ferida e no
medo, na frustração do seu projeto, no fracasso de sua vida. A tristeza era
imensa e a decepção maior. Mas o coração batia. Na ferida aberta pulsava a
vida, latejava a esperança. Na ferida misturavam-se o desrespeito, o abuso, o
medo e a fuga, a indignidade, a frustração e o fracasso, a condenação e morte do
justo, a traição de Judas, as negações de Pedro, o peso do pecado social e
individual, e também o encantamento do chamado, a alegria da libertação, a
experiência do perdão dos pecados, a cura dos doentes, a dignidade devolvida a
cada ser criado, a integração dos excluídos, o fascínio da vida de Jesus de
Nazaré que, por palavras e ações passou a vida fazendo o bem, despertando no
coração do povo, na vida e na imaginação o prazer de ser gente, de ser amado e
liberto, de ser pessoa livre e imagem e semelhança de Deus.
Madalena e
as outras mulheres que tinham acompanhado Jesus estavam ansiosas. E, o mais
cedo que puderam, foram ao túmulo cuidar de Jesus. Jesus tinha expulsado sete
demônios de Madalena, (Mc 16, 9; Lc 8,2) tinha libertado Madalena de muito mal,
de muita opressão. O amor de Jesus batia no coração de Madalena, no coração
ferido e amado, ferido, mas tomado de amor. O coração de Jesus lateja no
coração de Madalena e das outras mulheres.
Os
Evangelhos apresentam Madalena como a pessoa privilegiada na descoberta da
ressurreição. “Depois de dizer isso, Maria virou-se e viu Jesus de pé; mas não
sabia que era Jesus. E Jesus perguntou: ‘Mulher, por que você está chorando? Quem
é que você está procurando?’ Maria pensou que fosse o jardineiro, e disse: ‘Se
foi o senhor que levou Jesus, diga-me onde o colocou, e eu irei buscá-lo.’
Então Jesus disse: ‘Maria.’ Ela virou-se e exclamou em hebraico: ‘Rabuni!’ (que
quer dizer: Mestre). Jesus disse: ‘Não me segure, porque ainda não voltei para
o Pai. Mas vá dizer aos meus irmãos: ‘Subo para junto do meu Pai, que é Pai de
vocês, do meu Deus, que é o Deus de vocês.’ Então Maria Madalena foi e anunciou
aos discípulos: ‘Eu vi o Senhor.’ E contou o que Jesus tinha dito.” (Jo
20,14-18)
A morte de
Jesus foi uma grande ferida no interior de todos os discípulos. Atravessar a
morte é mergulhar nesta ferida onde bate, sem desanimar, o amor de Jesus.
A ferida é
grande, pecados, injustiças, perseguições, martírio, fome, guerras, crescente
inteligência da morte. Mas a Encarnação de Jesus sustenta radical e
definitivamente o pulsar do amor de Deus na Criação ferida, alimentando nela o
desejo de bondade, de beleza, de verdade, de plenitude, de ressurreição. E, por
isso, a Criação vive com anseios de esperança, como a mulher que gera a vida
inocente e pura que um dia verá a luz, ou como a semente que se entrega no
silêncio e na solidão da terra para se transformar em vida nova.
“O correr
da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem. Ser capaz de ficar
alegre e mais alegre no meio da alegria, e ainda mais alegre no meio da
tristeza...”(Guimarães Rosa)
O Túmulo Vazio
A ansiedade
era grande no coração onde batia o amor. Logo que podem sair de casa, ao nascer
do sol, no primeiro dia da semana, as mulheres, lideradas por Madalena, movidas
pelo amor, vão ao túmulo cuidar de Jesus. Levam perfumes e todo o seu amor e
carinho. E o vazio ficou ainda maior quando descobrem que o túmulo estava
vazio. Muito atordoadas, perguntam-se: onde o puseram? “Maria tinha ficado
fora, chorando junto ao túmulo. Enquanto ainda chorava, inclinou-se e olhou
para dentro do túmulo. Viu então dois anjos vestidos de branco, sentados onde o
corpo de Jesus tinha sido colocado, um na cabeceira e outro nos pés. Então os
anjos perguntaram: ‘Mulher, por que você está chorando?’ Ela respondeu: ‘Porque
levaram o meu Senhor, e não sei onde o colocaram.’” (Jo 20, 11-13)
A ferida se
abre ainda mais para ser curada. A voz dos anjos iluminam num instante: “por
que vocês estão procurando entre os mortos aquele que está vivo?”(Lc 24,5)
O corpo
morto e frio de Jesus nunca foi abandonado por Deus: nele está o amor de Deus,
Pai e Mãe, o amor do Espírito que sempre acompanhou Jesus e o próprio amor de
Jesus. Na noite fria da mansão dos mortos, o amor toma conta do corpo de Jesus
e, foi tanta a intensidade que o ressuscita. O túmulo se esvazia porque o amor
é mais forte que tudo.
A ressurreição é uma
concentração de amor. O túmulo está vazio porque se encheu de amor, amor quente
e forte, amor vida."Deus nos dá pessoas e coisas, para aprendermos a
alegria...
Depois, retoma coisas e
pessoas para ver se já somos capazes da alegria sozinhos...Essa... a alegria
que ele quer." (Guimarães Rosa)
“Vimos o Senhor”
Um túmulo
vazio é um túmulo vazio. A espiritualidade do esvaziamento é apenas um caminho,
uma passagem do caminho. O vazio transforma-se em esvaziamento para que no
centro da vida nasça o amor, se revele o amor.
Podemos encher nosso vazio de
muitas coisas, até de vazio. Muitos permanecem no vazio, enchendo o vazio de
vazio. De frustração. De tristeza. De mágoas. De condenação. De consumismo. De
modismos.
O vazio que
constitui o mistério de ser pessoa pode nos levar ao absoluto amor e também ao
nada. Quando Madalena diz “Vi o Senhor” é porque ela realizou o chamado de sua
vida à comunhão. A presença do Senhor mora dentro dela. Não somos chamados ao
vazio, mas à comunhão. O esvaziamento é um meio para tirar de nós o que impede
a entrada do amor para a comunhão pessoal do amor, com o amor, no amor, para o
amor. A passagem do túmulo vazio à experiência da presença do Senhor é
essencial: o Senhor está conosco, Ele está vivo, aquele que foi aniquilado
ressuscitou, mora dentro de nós, em você, em mim, sabemos, sentimos, não existe
o vazio, existe o mistério habitado pelo amor, pelo ressuscitado.
Na comunhão
do amor o coração é feliz, a vida tem realização, plenitude, Ele que amou até
ao fim, é o Senhor da vida, é nosso Senhor. A nossa vida se enche de alegria. A
alegria da ressurreição nasce de dentro, da experiência inexplicável da
presença do Senhor que nos enche de paz, de luz, de leveza, de confiança, de
realização, de liberdade. Comunhão maravilhosa que se expande como espírito que
chega à interioridade escondida. “Nós vimos o Senhor.” (Jo 20,25)
A Ressurreição
A vida
maravilhosa de Jesus de Nazaré que por palavras e ações encantou e conquistou o
coração e o desejo das pessoas, dos empobrecidos e dos excluídos, das mulheres,
dos doentes, das crianças, e dos que esperavam a realização do Reino de Deus,
dos que tinham fome e sede de justiça, não podia terminar no túmulo. A
condenação e a morte na cruz foram o esvaziamento da glória humana e a manifestação
do que João diz: “Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito, para
que não morra todo o que nele crer, mas tenha a vida eterna.” (Jo 3,16)
Essa vida
maravilhosa foi momentaneamente sepultada, mas tinha tudo para não se deixar
vencer pelo momento da morte. Certamente, já tivemos experiências de momentos
maravilhosos que nos sustentaram depois de tempos de frustração e nos fizeram
renascer. Nos momentos de frustração parecia que tudo tinha morrido, mas o amor
vivido foi reaparecendo e conquistando o espaço perdido e tirando a vida da
morte. Não existe nada que possa vencer e destruir o amor maravilhoso de Deus.
É amor eterno. Esse amor ressuscitou, Jesus ressuscitou, a morte não consegue
segurar esse amor, a vida continua fluindo pelo amor que é de Deus, presença de
Deus, desejo de Deus, Reino de Deus, vida inteira de Jesus, vida eterna.
"Penso que chega um momento na vida da gente em que o único dever é lutar
ferozmente por introduzir no topo de cada dia, o máximo da eternidade..."
(Guimarães Rosa)
Os Sinais
1.O amor é o fundamentoda experiência da
ressurreição
“No
primeiro dia da semana, Maria Madalena foi ao túmulo de Jesus bem de madrugada,
quando ainda estava escuro. Ela viu que a pedra tinha sido retirada do túmulo. Então
saiu correndo e foi encontrar Simão Pedro e o outro discípulo que Jesus amava.
E disse para eles: ‘Tiraram do túmulo o Senhor, e não sabemos onde o colocaram.’
Então Pedro
e o outro discípulo saíram e foram ao túmulo. Os dois corriam juntos. Mas o
outro discípulo correu mais depressa do que Pedro, e chegou primeiro ao túmulo.
Inclinando-se, viu os panos de linho no chão, mas não entrou. Então Pedro, que
vinha correndo atrás, chegou também e entrou no túmulo. Viu os panos de linho
estendidos no chão e o sudário que tinha sido usado para cobrir a cabeça de
Jesus. Mas o sudário não estava com os panos de linho no chão; estava enrolado
num lugar à parte.
Então o
outro discípulo, que tinha chegado primeiro ao túmulo, entrou também. Ele viu e
acreditou.” (Jo 16,1-8)
“Então o
discípulo que Jesus amava disse a Pedro: ‘É o Senhor.’” (Jo 21,7)
2.Deus revela a ressurreição de Jesus
“E bem cedo,
no primeiro dia da semana, ao nascer do sol, elas foram ao túmulo. E diziam
entre si: ‘Quem vai tirar para nós a pedra da entrada do túmulo?’ Era uma pedra
muito grande. Mas, quando olharam, viram que a pedra já havia sido tirada.
Então entraram no túmulo e viram um jovem, sentado do lado direito, vestido de
branco. E ficaram muito assustadas. Mas o jovem lhes disse: ‘Não fiquem
assustadas. Vocês estão procurando Jesus de Nazaré, que foi crucificado? Ele
ressuscitou! Não está aqui!’” (Mc 16, 2-6)
3.Jesus aparece aos discípulos
“Depois de
ressuscitar na madrugada do primeiro dia após o sábado, Jesus apareceu primeiro
a Maria Madalena, da qual havia expulsado sete demônios.” (Mc 16,9)
“Enquanto
conversavam e discutiam, o próprio Jesus se aproximou, e começou a caminhar com
eles. Os discípulos, porém, estavam como que cegos, e não o reconheceram. Então
Jesus perguntou: ‘O que é que vocês andam conversando pelo caminho?’ Eles
pararam, com o rosto triste.” (Lc 24,15-17)
4.O cumprimento da promessa de Deus
“Então
Jesus disse a eles: ‘Como vocês custam para entender, e como demoram para
acreditar em tudo o que os profetas falaram! Será que o Messias não devia
sofrer tudo isso, para entrar na sua glória?’ Então, começando por Moisés e
continuando por todos os Profetas, Jesus explicava para os discípulos todas as
passagens da Escritura que falavam a respeito dele.” (Lc 24,25-27)
“Então um
disse ao outro: ‘Não estava o nosso coração ardendo quando ele nos falava pelo
caminho, e nos explicava as Escrituras?’” (Lc 24,32)
“No
primeiro dia da semana, bem de madrugada, as mulheres foram ao túmulo de Jesus,
levando os perfumes que haviam preparado. Encontraram a pedra do túmulo
removida. Mas ao entrar, não encontraram o corpo do Senhor Jesus, e ficaram sem
saber o que estava acontecendo. Nisso, dois homens, com roupas brilhantes,
pararam perto delas. Cheias de medo, elas olhavam para o chão. No entanto, os
dois homens disseram: ‘Por que vocês estão procurando entre os mortos aquele
que está vivo? Ele não está aqui! Ressuscitou! Lembrem-se de como ele falou,
quando ainda estava na Galileia: ‘O Filho do Homem deve ser entregue nas mãos
dos pecadores, ser crucificado, e ressuscitar no terceiro dia.’” (Lc 24,1-7)
5.A Eucaristia sinal do Jesus Ressuscitado
“Quando
chegaram perto do povoado para onde iam, Jesus fez de conta que ia mais
adiante. Eles, porém, insistiram com Jesus, dizendo: ‘Fica conosco, pois já é
tarde e a noite vem chegando.’ Então Jesus entrou para ficar com eles.
Sentou-se à mesa com os dois, tomou o pão e abençoou, depois o partiu e deu a
eles. Nisso os olhos dos discípulos se abriram, e eles reconheceram Jesus.
Jesus, porém, desapareceu da frente deles.” (Lc 24,28-31)
6.A Fé: “Vi o Senhor”, “Vimos o Senhor”, e o
testemunho
“Depois de
ressuscitar na madrugada do primeiro dia após o sábado, Jesus apareceu primeiro
a Maria Madalena, da qual havia expulsado sete demônios. Ela foi anunciar isso
aos seguidores de Jesus, que estavam de luto e chorando. Quando ouviram que ele
estava vivo e fora visto por ela, não quiseram acreditar.
Em seguida,
Jesus apareceu a dois deles, com outra aparência, enquanto estavam a caminho do
campo. Eles também voltaram e anunciaram isso aos outros, que não acreditaram
nem mesmo nestes.” (Mc 16,9-13)
“Então
Maria Madalena foi e anunciou aos discípulos: ‘Eu vi o Senhor.’ E contou o que
Jesus tinha dito.” (Jo 20,18)
“Tomé,
chamado Gêmeo, que era um dos Doze, não estava com eles quando Jesus veio. Os
outros discípulos disseram para ele: ‘Nós vimos o Senhor.’ Tomé disse: ‘Se eu
não vir a marca dos pregos nas mãos de Jesus, se eu não colocar o meu dedo na
marca dos pregos, e se eu não colocar a minha mão no lado dele, eu não
acreditarei.’” (Jo 20,24-25)
“Depois
disse a Tomé: ‘Estenda aqui o seu dedo e veja as minhas mãos. Estenda a sua mão
e toque o meu lado. Não seja incrédulo, mas tenha fé.’ Tomé respondeu a Jesus:
‘Meu Senhor e meu Deus!’ Jesus disse: ‘Você acreditou porque viu? Felizes os
que acreditaram sem ter visto.’” (Jo 20,27-29)
7.A Paz e a Alegria
“Era o
primeiro dia da semana. Ao anoitecer desse dia, estando fechadas as portas do
lugar onde se achavam os discípulos por medo das autoridades dos judeus, Jesus
entrou. Ficou no meio deles e disse: ‘A paz esteja com vocês.’ Dizendo isso,
mostrou-lhes as mãos e o lado. Então os discípulos ficaram cheios de alegria
por ver o Senhor.” (Jo 20,19-20)
“As
mulheres saíram depressa do túmulo; estavam com medo, mas correram com muita
alegria para dar a notícia aos discípulos. De repente, Jesus foi ao encontro
delas, e disse: ‘Alegrem-se!’ As mulheres se aproximaram, e se ajoelharam
diante de Jesus, abraçando seus pés. Então Jesus disse a elas: ‘Não tenham
medo.’” (Mt 28,8-10)
8.A Vida nova no Espírito Santo
“Jesus
disse de novo para eles: ‘A paz esteja com vocês. Assim como o Pai me enviou,
eu também envio vocês.’ Tendo falado isso, Jesus soprou sobre eles, dizendo: ‘Recebam
o Espírito Santo. Os pecados daqueles que vocês perdoarem, serão perdoados. Os
pecados daqueles que vocês não perdoarem, não serão perdoados.’” (Jo 20, 21-23)
“Assim está
escrito: ‘O Messias sofrerá e ressuscitará dos mortos no terceiro dia,e no seu
nome serão anunciados a conversão e o perdão dos pecados a todas as nações,
começando por Jerusalém’. E vocês são testemunhas disso.” (Lc 24,46-48)
9.O Envio e a Missão
“Então
Jesus se aproximou, e falou: ‘Toda a autoridade foi dada a mim no céu e sobre a
terra. Portanto, vão e façam com que todos os povos se tornem meus discípulos,
batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo, e ensinando-os a
observar tudo o que ordenei a vocês. Eis que eu estarei com vocês todos os
dias, até o fim do mundo.’” (Mt 28,18-20)
“Depois de
comerem, Jesus perguntou a Simão Pedro: ‘Simão, filho de João, você me ama mais
do que estes outros?’ Pedro respondeu: ‘Sim, Senhor, tu sabes que eu te amo.’ Jesus
disse: ‘Cuide dos meus cordeiros.’” (Jo 21,15)
10.A(s) Comunidade(s) dos Cristãos são a
maior prova da ressurreição de Jesus
“A multidão
dos fiéis era um só coração e uma só alma. Ninguém considerava propriedade
particular as coisas que possuía, mas tudo era posto em comum entre eles. Com
grande poder, os apóstolos davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus. E
todos eles gozavam de grande aceitação. Entre eles ninguém passava necessidade,
pois aqueles que possuíam terras ou casas as vendiam, traziam o dinheiro e o
colocavam aos pés dos apóstolos; depois, ele era distribuído a cada um conforme
a sua necessidade.” (At 4,32-35)
A Alegria da Ressurreição
Participar
da morte de Jesus constitui um momento de muito medo, tristeza, abandono,
frustração e provação. Mas dessa vivência também resultou uma experiência da
verdade sem igual. Os discípulos enchem-se de alegria, porque depois da descida
à negação da vida, eles encontram a verdade total da vida, e se tornam mais
livres pela aceitação da vida na vida de Jesus.
A alegria da ressurreição,
acima de tudo, é uma experiência de ser na essência que reúne várias
experiências: experiência de uma pessoa maravilhosa, do amor, da verdade, da
fidelidade, da liberdade, do ser que tem presente e futuro, luz, projeto.
"Eu queria sair de tudo o que eu era, para entrar num destino
melhor." (Guimarães Rosa)
1-A experiência do Amor
A condição
básica e essencial para a experiência da alegria da ressurreição é o amor.Maria
Madalena e o Discípulo Amado são privilegiadosna descoberta da ressurreição de
Jesus. A alegria da ressurreição nasce do encontro e da comunhão com Jesus,
nasce da experiência de uma pessoa maravilhosa, o Filho de Deus, a
personificação da bondade, da verdade, do amor, a pessoa de Jesus que sacia o
nosso desejo de infinito, de transcendência, Ele que é um rio de água viva.
A
experiência do amor nasce do estar com Jesus em vários momentos da sua vida:
1.A
experiência da alegria do chamado: a
vida de Jesus encanta, seduz, ser chamado por Jesus encanta e leva a deixar
tudo de tanto encantamento.
2.A
experiência do Reino enche de alegria os pobres e os discípulos e o próprio
Jesus exclama: “Eu te bendigo, ó Pai, porque revelaste estas coisas aos
pequeninos”. As palavras e ações de Jesus mostram o Reino onde as pessoas fazem
uma experiência verdadeira do amor libertador, de alguém que as liberta das
opressões.
3.A
experiência do amor vem da experiência da paixão e morte de Jesus e da sua
ressurreição. Neste momento se revela em definitivo o amor de Deus que permanece
amor, mesmo no aniquilamento da morte.
Sobretudo
destes três tempos de amor, nasce a experiência do amor, Jesus e eu, eu e o
Senhor que me amou, chamou e libertou e deu a vida por amor. Os discípulos
descobrem a ressurreição porque ficaram ligados n’Ele pelo amor vivido na
experiência d’Ele e com Ele. Foi o amor que ressuscitou Jesus; é o amor que o
manifesta vivo; é o amor que o leva a ser experimentado como ressuscitado. O
amor é a condição da experiência da alegria da ressurreição de Jesus.
2-A experiência da verdade
Experimentamos
Jesus como verdade da nossa existência, verdade que nos faz ser de verdade,
participantes da verdade, capazes de ter uma experiência verdadeira de Jesus,
da extensão de todo o seu ser, conhecendo e assumindo todos os momentos da vida
na verdade e de verdade, experiência de ser inteiros, reconciliados
interiormente, habitados de paz. A experiência de Jesus nos tira os medos da
vida, os medos de viver, nos faz viver de verdade. Jesus é a verdade que
assumiu todos os momentos da nossa vida de verdade. Ele é a verdade de Deus e a
verdade do ser humano. Não fugimos do que somos, assumimos com humildade a
verdade de nossa existência, abertos à verdade de Deus.
3-Experiência da fidelidade
O ser de
verdade é constituído pela experiência da fidelidade. Jesus permaneceu fiel ao
amor, a si mesmo, a Deus Pai, ao projeto de Deus. Sendo fiel àquilo que sou,
serei feliz. Sou em Jesus, minha verdade. Sou fiel ao ser em Jesus. Jesus foi
fiel àquilo que é, ao amor até ao fim. Ele alcançou a alegria da ressurreição,
eu alcanço a alegria sendo fiel. O amor de Deus permanece além de qualquer
circunstância. Podemos arriscar comprometer a vida com o que é bom, pois o que
é bom tem vida eterna. A fidelidade é fonte de alegria.
4-A experiência da liberdade
A
ressurreição é uma experiência de leveza, de liberdade e libertação. Destruídas
as amarras da morte e do pecado, vivemos o tempo da liberdade, o tempo da
leveza do Espírito. A morte não é castigo, mas passagem, nossa irmã morte,
passagem onde nos encontramos com a verdade e a fidelidade da nossa vida.
Alcançamos a liberdade na ressurreição de Jesus. O peso das “mortes”deixou de
ser o teto da nossa vida, acreditamos na liberdade e nos fazemos livres no processo
de nossas vidas e nos tornamos feitores da libertação como participação da
ressurreição de Jesus na História. A experiência da liberdade nos enche de
alegria; a liberdade é condição da felicidade, a liberdade do amor. “Liberdade
é uma palavra que o sonho humano alimenta, não há ninguém que explique e
ninguém que não entenda.” (Cecília Meireles)
5-Abraçar um projeto
Faz parte
da experiência da alegria da ressurreição assumir um
projeto. Esse projeto particular nosso faz parte do projeto de Jesus, realizado
em sua vida, morte e ressurreição: o Reino de Deus. Não é feliz quem não vê
presente ou futuro. O projeto significa a experiência de ter luz, ter caminho a
fazer. Significa o desenvolvimento do ser para a plenitude. Quem não tem
projeto de vida fica perdido, a insegurança e o vazio vão tomando conta da vida.
A alegria do Senhor Ressuscitado tem o projeto do Reino, do ser no amor, da
missão, da boa nova que é anunciada para a vida em plenitude. Ter projeto é ser
na esperança, fazer-se de esperança, de sonho, de caminho, de humildade e
simplicidade, de presente e de futuro.
Jesus é o
amor, a verdade, a fidelidade, a liberdade, o projeto do discípulo e vive na
alegria quem vive na verdade, na fidelidade, na liberdade e na luz do projeto
de Jesus.
“Portanto,
se há um conforto em Cristo, uma consolação no amor, se existe uma comunhão de
espírito, se existe ternura e compaixão, completem a minha alegria: tenham uma
só aspiração, um só amor, uma só alma e um só pensamento. Não façam nada por
competição e por desejo de receber elogios, mas por humildade, cada um
considerando os outros superiores a si mesmo. Que cada um procure, não o
próprio interesse, mas o interesse dos outros.
Tenham em vocês os mesmos sentimentos que havia em Jesus Cristo:
Ele
tinha a condição divina, mas não se apegou a sua igualdade com Deus.
Pelo
contrário, esvaziou-se a si mesmo, assumindo a condição de servo e tornando-se
semelhante aos homens. Assim, apresentando-se como simples homem, humilhou-se a
si mesmo, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz! Por isso, Deus o
exaltou grandemente, e lhe deu o Nome que está acima de qualquer outro nome;
para que, ao nome de Jesus, se dobre todo joelho no céu, na terra e sob a
terra; e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de
Deus Pai.” (Fl 2,1-11)
Pe. Zé Luís, CSh
Shalom meus irmãos!
ResponderExcluirBela exposição do meu amigo de longos 19 anos que não encontro a pelo menos uns 6 anos.
Distantes pelo tempo não pela Comunhão no RESSUSCITADO.
Com ele e todos do MEJ SHALOM aprendi a ser gente.